sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Eu amo o meu trabalho. E você? :: Artigo publicado na Revista Expressa Mais!

Quase todo dia ouço alguém reclamar do trabalho: que não gosta do que faz, que não agüenta mais a rotina, que não tem ânimo, que o chefe...

O cenário da maioria das pessoas atualmente é de um dia a dia estressante no trabalho, cobranças cada vez maiores por resultados, pouco tempo de sobra para o “resto” das coisas da vida, pouco dinheiro de sobra no final do mês e por aí vai. Por que será que a nossa sociedade transformou o trabalho em tamanho peso?

Desde a escolha do caminho profissional, será que as questões que nos nortearam foram o prazer, o desejo profundo de exercer tal ou qual atividade profissional, a aptidão? Ah mas como nortear-se por isso, se há contas a pagar, uma vida a construir, coisas a conquistar? É o que as pessoas me perguntam...

Claro, eu respondo, há que se pensar nas contas a pagar e todos os outros deveres sociais que vem com a vida adulta. Mas será que não há possibilidade de se unir os vários anseios?

Eu acredito que sim.

Mas eu vejo a maioria das pessoas tão fechada na crença de que o trabalho é apenas o meio que viabiliza o dinheiro e este, por sua vez viabilizará a felicidade, que não enxerga outros caminhos possíveis para isso. E eu pergunto a idéia é chegar lá ou viver lá?

Então me lembrei da história do pescador que morava numa casinha simples, pescava a quantidade de peixes necessária à subsistência da família e vivia sua vidinha pacata e feliz quando veio alguém e lhe disse – mas por que você não pesca vários peixes e vende o que você não vai comer? Com isso você faz dinheiro e daí pesca mais peixes, emprega pessoas, compra barcos etc. e logo você está com uma grande fortuna? O pescador pensou na idéia e seguiu com ela. Depois de muitos anos, com uma empresa muito grande, que empregava muita gente, ele andava tão estressado e infeliz que tudo que queria era vender tudo e ir pescar seu peixinho tranqüilo... Ora, mas não era isso que ele já tinha, então por que percorrer todo esse caminho?

A questão não é o dinheiro em si. Costumo dizer que o dinheiro e tudo que vem com ele é uma delícia, mas depende do quanto ele custa para mim. Ou seja, quanto de alegria, satisfação, prazer, ritmo e independência ele vai me custar.

Porque eu acho que o caminhar da vida é o caminho e precisa ser vivido hoje da maneira que eu sonho viver algum dia. Não dá para ficar vivendo com a esperança de que o futuro chegue e então eu possa ser feliz. Tenho que buscar cada possibilidade de ser feliz hoje, em todas as minhas dimensões de ser.

E a profissional, como energia fundamental da vida, não pode estar fora dessa equação. Energia que vem de “ergos” = que produz trabalho, modificação. Nesse sentido, a energia que coloco no trabalho faz toda diferença no meu processo de evolução, de vida!

Buscar o que realiza, o que faz feliz e que te motiva no trabalho pode ser um caminho mais longo ou mais curto, mas parece ser um imperativo nos tempos de hoje. E a geração Y talvez possa nos servir de inspiração à medida que já nasceu num mundo de infinitas possibilidades trazidas pela tecnologia, pela melhora na condição geral de vida do País e do Mundo nesse momento da história. Eles não se perguntam se podem fazer, simplesmente vão lá, inventam, acreditam e fazem.

Boa reflexão para as férias de Julho, não? Boas férias! 

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Palesta: Jung e o Homem Contemporâneo

Amanhã, 22/08, faço uma palestra no Espaço Cultural A Coisa com uma leitura do homem contemporâneo sob a visão Junguiana, através do Mito de Sísifo.

Sísifo é aquele que por ter desafio o deus do Olimpo, Zeus, recebeu como castigo rolar uma pedra montanha acima para vê-la escorregar quando estava prestes a chegar a cume. Sísifo então retoma seu esforço de empurrar a pedra montanha acima, infinitamente.

Começando às 20:30 hs, a atividade faz parte do Ciclo de Palestras que acontece no Espaço e é uma atividade gratuita.

O Espaço Cultural A Coisa fica na R. Amador Bueno, 1300, próximo à Av. Nove de Julho.

Apareçam! Vai dar um bom bate papo.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Individualidade na relação a dois

Ôoooo conversinha complicada essa não?? Esse tem sido um tema recorrente no consultório e nas conversas informais com amigos e amigas por isso resolvi fazer aqui algumas reflexões.

Como faz para preservar a individualidade no relacionamento a dois? Como aceitar numa boa que o desejo do outro pode não ser o mesmo que o meu em alguns momentos? Qual é essa linha tênue que separa o meu desejo, o desejo do outro e o nosso encontro?

Eu penso que é uma questão de tomar consciência dos próprios desejos, limites, carências e pontos obscuros para então poder separar o que é meu, o que é do outro e o que é nosso. Mas como fazer isso? Gosto de um jeito prático de olhar para as situações e então refletir:

Quando a minha reação está diretamente relacionada a um comportamento do outro, que tenha sido desrespeitoso ou de pouco caso, devo colocar claramente os limites, de maneira que eu me sinta respeitado e valorizado. Quando meu sentimento é de alguma forma desproporcional ao comportamento do outro, objetivamente analisando, alerta: pode ser que pontos meus estejam invadindo a relação a dois. 

Nessa hora, apenas ter consciência não basta. É preciso ter coragem para encarar o seu ponto de dor, de medo, de seja lá o que for, para não depositar sobre o outro expectativas que nunca poderão ser preenchidas, porque seja lá qual for o SEU ponto, só VOCÊ poderá dar conta dele. Nunca o outro.

Outro ponto a refletir é que quando gostamos de alguém parece surgir um sentimento de preenchimento que quando estamos sozinhos quase não acontece, infelizmente.. (mas esse é outro papo...) Querendo preservar esse sentimento, de repente nos pegamos querendo que ele dure para sempre... aí é que mora o perigo! Podemos começar a desejar que o outro seja para sempre aquele ser que vai manter a quentinha sensação de preenchimento. E daí começam as expectativas sobre como o outro deve ser - aquele ideal - para ser capaz de manter a sensação de preenchimento. 

Mas tem um dia que esse alguém começa a se interessar por um algo que não tem nada a ver com o seu mundo e pelo que você não se interessa... hum... o que fazer? Respeitar, compreendendo que tem uma porção de individualidade em cada um de nós que se não puder ser compartilhada com o nosso alguém, pouco importa. Não acredito em relação à dois onde se possa compartilhar TUDO. Acredito que se possa compartilhar partes - por vezes até generosas - do nosso TUDO com algumas pessoas.

E o que compartilhamos é que deve ser a parte em foco, pois essa é a parte relação. A dois, a três, a quatro, em família...

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Saudade... do que foi e do que poderia ter sido...

Ontem fiquei feliz porque o Caetano Veloso completou 70 anos, com cara e olhar de menino,  mas com um legado tão marcante e ao mesmo tempo tão doce... E com planos para o futuro e, esperamos todos, que sejam poesias tão lindas e que nos toquem profundamente...

Hoje vi que o Magro, do grupo MPB4 faleceu aos 68 anos, vitima de um câncer, fique muito triste...

E, por incrível que possa parecer, as duas notícias me trouxeram um sentimento de saudade, saudade do que já foi, saudade do tempo em que estávamos “sem lenço, sem documento” brigando por algo que acreditávamos, pela liberdade de expressão, pela igualdade dos direitos, pelo direito de amar quem quer que seja e, ao mesmo tempo, saudade da pessoa que fui e do que poderia ter sido... Saudade de ter pela frente a ilusão de que tinha a capacidade de mudar o mundo... como é bom esse sentimento, por mais ambicioso e presunçoso que ele possa ser!

Com o passar dos tempos, me deparo com a questão de que não só não consegui, e não conseguirei jamais, mudar o mundo, como estou “pelejando” para mudar a mim mesma, como o Sisifo que todo dia rola a pedra montanha acima e vê a pedra rolando de volta...

Então me vem à mente uma das frases que gosto muito “você faz as suas escolhas e elas te fazem”... sim, estou tentando mudar algo que eu mesma escolhi! Será ??? Sim, é tudo muito embolado e interligado, o caminho e as escolhas que fiz durante a minha vida me trouxeram até esse ponto, mas agora está no momento de voltar simbolicamente em algumas encruzilhadas da vida e re-significar algumas escolhas e deixar para trás algumas “pedras” que carreguei ao longo dessa vida ... 

É aí que a saudade volta, você olha para tudo que carregou ao longo dessa vida, separa o que vale a pena ficar, se despede do que não lhe cabe mais e, simplesmente, deixa rolar morro abaixo, sabendo que tudo foi importante para tornar a pessoa que você é hoje!

E neste ponto eu olho para o lado e percebo que não estou sozinha nessa tarefa, pois tem várias pessoas nesse mesmo exercício e, neste ponto, espero que cada um sinta a delícia de se saber único e ao mesmo igual a todos que o cercam...  

E assim é a vida, uma delícia de viver !!!

Essa postagem é uma deliciosa contribuição da minha amiga Lucia Navarro, psicoterapeuta junguiana e coach que atende em São Paulo.

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