terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Aura de Verão

No verão tudo parece mais bonito, mais alegre, mais colorido. Pelo menos à mim, assim parece. Gosto desse astral que de alguma maneira envolve as pessoas, os acontecimentos, a aura do ambiente.

Nos observar na socialização que essa época do ano nos garante é uma oportunidade interessante para sabermos um pouco mais de nós. Quanto de nós é persona? Quanto de nós consegue se apresentar sem máscaras, deixando transparecer o que se é?

Estar confortável na própria pele é uma expressão que gosto muito. Expressão da possibilidade da entrega a cada situação que se apresenta buscando sentir o que te move naquele momento. Expressão da liberdade de ser e estar, tranquilo com o que se é.

O exercício de se relacionar nos descortina esses aspectos em nós. Principalmente quando saímos da zona de conforto de nos relacionar apenas em grupos pequenos e conhecidos de pessoas. Conhecer uma nova pessoa é se reconhecer nessa pessoa, nessa relação, se descobrir, se reinventar!

Que a gente possa aproveitar a estação mais ensolarada do ano para brincar, desejar, sentir, meditar, aprender   quem a gente é! Esse é meu desejo no momento!


quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

De repente...

quase tudo na vida faz 20 anos... ou mais um pouquinho talvez... :)

Esta semana encontrei no parque, caminhando, um amigo de sala do colégio, nossa, nossa.... Fomos caminhando e conversando, conversando, conversando. Como é que se coloca mais de 20 anos em revista para contar como você chegou até aqui?

Histórias se entrelaçando em comentários engraçados e parêntesis infinitos quase.. delícia! E ao contar todas as idas e vindas, estradas, ruas e atalhos percorridos, uma sensação me invade, forte: que feliz eu fui nas escolhas ao longo da minha vida, nenhuma feita diferente teria me trazido até quem eu sou hoje.

E se quem eu sou hoje às vezes me surpreende e outras ainda me contraria, com certeza me faz rir bem mais que  ontem, da vida, das pessoas, de mim mesma! Claro que tem muitas outras mudanças (às vezes até radicais!) que posso enxergar em mim. Conseguir viver o hoje com a confiança de que o rio corre sempre na melhor direção para  a realização de nossos propósitos mais caros, por exemplo, é uma grande transformação. 

Ser mãe, já não dar tanta importância a muitas coisas que antes incomodavam, respeitar o ritmo dos outros e o meu próprio, dentre tantos outros aspectos que não mudaram em mim, foram outros grandes aprendizados.

Que gostoso pensar em tudo isso assim meio de repente.



sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Afrodite e Artemis em Ribeirão

Estudar a Mitologia nos ajuda a compreender tantos aspectos a respeito de nós e do mundo! Vale a pena. Aproveitem a oportunidade aqui em Ribeirão!




quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Ciclos da Vida :: Artigo publicado na revista Expressa Mais!


Setembro traz consigo a primavera, quando as plantas adormecidas no inverno, renascem em uma variedade de verdes, amarelos, rosas e lilases.

Nos países onde as estações do ano são mais marcadas observamos melhor os ciclos bem definidos da natureza: nascer, florescer, amadurecer e recolher-se, renascendo mais uma vez a cada primavera.  

Nunca vou me esquecer da emoção que senti, um dia que amanheci em Londres e as árvores, plantas, gramas e jardins inteiros que estavam secos e cinzas na noite anterior, estavam brotando, verdes de todos os tons. Que alegria!!!

Nós, como parte dessa natureza, também vivemos ciclos. A cada 7 anos, por exemplo, uma importante etapa do desenvolvimento psíquico se completa, para outra se iniciar.

A cada novo ciclo nas nossas vidas, teremos períodos de preparação da terra, onde usaremos a reflexão e interiorização; períodos de plantio, quando trabalharemos duro, faremos escolhas; períodos de amadurecimento da plantação, onde usaremos de paciência e perseverança, para então nos fartarmos com a colheita, nos acalmando alegremente com a bonança. Para logo em seguida, vermos outro ciclo se iniciar.

O importante é que, como os animais, plantas e águas..., saibamos viver cada um dos ciclos da nossa vida por inteiro, vivendo cada estação no melhor que ela pode nos oferecer. Feliz primavera!

sábado, 20 de agosto de 2011

Quem sou eu? :: Artigo publicado na Revista Expressa Mais

“Quem eu sou, você só vai perceber quando olhar nos meus olhos, ou melhor, além deles.”
Clarice Lispector


Inspirei-me na maravilhosa Clarice Lispector para refletir aqui sobre questões que muitas pessoas perguntam: Para que fazer terapia? Quando sei que é legal fazer terapia?

Ora, se para saber quem eu sou, eu preciso olhar além dos meus olhos, preciso saber o que seja olhar além dos meus olhos...

Se alguém pergunta quem é você, você responde rapidamente contando sua profissão, seu estado civil, seus defeitos e eventualmente alguma qualidade não é assim? Porque claro, todos tem uma imagem de si mesmo para contar.

Mas que imagem é essa? Construída ao longo da vida, sem dúvida, essa imagem é definida pelo que os olhos são capazes de ver. Mas que olhos? Essa imagem é um reflexo da visão das outras pessoas sobre mim e ou da minha própria visão?

Os olhos só vêem o que está consciente - o que está na cara - e a visão externa é um reflexo do espaço interno que visualizamos, portanto, só podemos ampliar nossa visão externa, ampliando nossa visão dos espaços internos.

Quero dizer, a visão que temos do mundo, das pessoas e de nós mesmos é uma tradução do que temos consciência e só podemos ampliar a consciência se conhecermos mais o que existe dentro de nós.

Terapia é o processo que leva cada um a conhecer melhor seus espaços internos, sonhos, desejos, fantasias, complexos, afetos, hábitos, heranças... essa montanha de sentimentos que foram sendo impressos em nós ao longo da vida.

É conversando, rindo, chorando, refletindo nossas histórias cotidianas, passadas, presentes e futuras, semanalmente no processo terapêutico, que cada um vai reconstruindo essa imagem de si mesmo. Esse tal de EU SOU...

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Crianças e a rotina

Esta manhã estava caminhando no parque e encontrei a mãe de um amigo de escola do meu filho e caminhamos juntas, foi ótimo o papo. Falamos de muitas coisas, inclusive sobre como as crianças precisam de rotina e me inspirei...

Por que as crianças precisam de horários estabelecidos para dormir, comer, fazer lição etc? Quando nascem, os bebês são totalmente entregues - no que costumo chamar de um exercício de fé - à figura do cuidador. Não tem controle sobre nada e isso pode ser bastante assustador. Por isso, aos poucos, é importante que esse bebê que começa a crescer, possa construir a sua base de segurança na vida, nas pessoas, nos acontencimentos.

Estabelecer uma rotina de horários para a criança desde pequena, permite que ela vá construindo uma previsibilidade de acontecimentos e isso a deixa mais segura, mais "em controle" da sua situação. Ela começa a saber que depois da frutinha das 10 tem o banho, depois alguma brincadeira, depois almoço, depois soneca e assim vai.

Quanto mais segura a criança é, mais ela se despreocupa desse controle e se solta na imaginação, na criatividade, na brincadeira.

E é assim também com o limite. Quando conseguimos dar aos nossos filhos um norte claro de como conduzir a vida, os podes e não podes, e vamos aos poucos ensinando-os a ter autonomia para algumas pequenas decisões, eles tem muito mais chance de crescer tranquilos e felizes em serem quem são. Sabem que tem alguém ali que está no comando da situação, cuidando deles.

Tornam-se adultos e crescem de fato para assumir suas próprias decisões - eu acredito que é um processo que não acontece de um dia para o outro quando se tornam "grandes o suficiente" para entender limites e responsabilidades, eles vão construindo essa atitude à medida que a praticam ao longo da vida, desde pequeninos.

Ótimo dia para todos!

terça-feira, 14 de junho de 2011

Escolhas

"A vida é feita de escolhas." Essa é uma frase que parece óbvia à primeira vista, mas é mais frequente do que se imagina que em algum momento da vida surja a pergunta - como é que eu vim parar aqui? Que caminhos da vida me trouxeram a esse ponto?

Poucos se perguntam: quais foram minhas escolhas ao longo da vida que me trouxeram até aqui?

Mas quando começamos a olhar para nossa vida dessa maneira, fica muito mais rico o processo. Se colhemos os resultados, os aprendizados das experiências pelas quais passamos, através da reflexão, evitamos ter que passar pelas mesmas situações novamente, outra queixa bastante frequente.

O processo terapêutico ajuda nesse exercício de olhar para a própria vida e entender quem se é, quem se foi e quem se quer ser. Oportunidade de fazer novas escolhas, conscientemente.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Recomeçar :: Artigo publicado Jornal Expresso Zona Sul

São tantas as situações na vida em que temos que recomeçar... Recomeçar = começar de novo, refazer depois de interrupção.

Recomeçar é voltar para o trabalho depois de longos dias de feriado ou férias.

Recomeçar é o que as famílias de Realengo no Rio e também os japoneses estão fazendo.

Recomeçar uma carreira, um hobby, um casamento, uma vida... são tantos os exemplos!

Recomeçar é a oportunidade de uma nova escolha, um novo caminho. O novo sempre causa alguma ansiedade e incerteza, claro. Mas porque temer os novos e ainda desconhecidos caminhos? Não é a vida um eterno caminhar pelo desconhecido das surpresas cotidianas?

Recomeçar é reconstruir. Um ciclo se fecha, um novo será aberto.

Por que para muitas pessoas recomeçar é tão difícil? A energia necessária para criar algo novo e reinventar-se é diferente da energia que usamos diariamente para manter as coisas como estão. Para recomeçar é preciso mergulhar mais fundo dentro de si para entender quem se é e o que se quer nessa nova trilha. Que escolhas trouxeram-me até aqui? Onde quero chegar? O que é preciso para chegar?

Dessa reflexão vem a energia e o impulso para recomeçar.

Recomeçar é ir mais devagar, tateando, conhecendo aos poucos a nova situação até encontrar-se nela. Temos tido a paciência e coragem necessárias para recomeçar ou nos entregamos em situações infelizes por medo de repensar nossa vida, quem somos e o que queremos?

A capacidade de recomeçar vai sendo construída no treino da vida. Quanto mais jovens, mais incertezas, é natural; menos nos conhecemos, assim como pouco conhecemos dos caminhos da vida.

Mas à medida que praticamos a capacidade de olhar para dentro, a descoberta de novas possibilidades em nós traz alegria e força, eternizando nossa capacidade de recomeçar!

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Casar ou morar junto?

Ontem numa roda social, conversávamos sobre o porque de se casar ao invés de simplesmente morar junto. Alguns argumentos em defesa do morar junto foram colocados ali: é menos dispensioso quando eventualmente o casal quiser se separar; é a mesma coisa, tanto faz; ou que morar junto funciona como um "test drive" para o casamento.

Diferente dessa visão entendo que há uma difereça crucial entre casar-se e ir morar junto: a decisão.

Quando um casal decide se casar, invariavelmente há um peso nessa decisão e que leva à necessidade de percorrer vários aspectos do significado de querer se casar com alguém. Tenho um objetivo em comum com essa pessoa? Quero construir minha família com essa pessoa? Ter meus filhos? Amo? Desejo? Qual o meu papel nessa "sociedade"? Qual o papel do parceiro? Como administraremos as questões financeiras? etc. etc.

Quando um casal decide morar junto, normalmente não há esse processo tão profundo, as razões costumam ser mais de ordem prática e objetiva. Afinal estão "apenas" indo morar juntos. Se não der certo, tudo bem. Será?

A exposição emocional de um casal que mora na mesma casa e divide a rotina, as responsabilidades, desejos, afetos e desafetos - seja "apenas morando junto" ou casando-se - é a mesma. Há um penetrar na intimidade da individualidade do outro, inevitável. Assim, natural que surjam discordâncias, discussões, desentendimentos, decepções.

Nesses momentos, a decisão do casamento pode fazer muita diferença. Ter passado pelo processo de deliberação sobre casar-se e ter decidido se casar com aquela pessoa, traz uma fortaleza de propósito, de objetivo, que é a base de uma relação íntima tranquila, equilibrada, feliz!

Do contrário, qualquer discussão ou discordância pode balançar a relação ao ponto de questioná-la, desestruturá-la, pois não se consegue buscar em reflexão as bases da decisão, os motivos que os uniu, se fortalecer no objetivo estabelecido, para relevar, desculpar, retomar.

Quanto à saída, caso seja essa inevitável, sinceramente acredito que o que se paga em dinheiro e tempo burocrático é a menor conta dessa história. A dor de romper essa intimidade, esse projeto em comum - quer tenha sido decidido conscientemente ou não - é enorme e igual para os dois casos, com certeza.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Heather

O floral Heather, do conjunto floral do Dr. Bach, ajuda as pessoas que sentem-se carentes, muito centradas nos seus próprios desejos, problemas e situações. Normalmente são pessoas tagarelas, que sugam a energia de quem está próximo, provocando o isolamento, seu maior medo.

Frases típicas de um Heather em desequilíbrio: "minha vida é um livro aberto" ou "ninguém me entende".

No equilíbrio, tem boa capacidade de síntese e maior empatia com o outro, melhorando a comunicação. O medo da solidão é substituído por uma convivência mais harmônica consigo mesmo que, por sua vez, contribui para melhorar os relacionamentos como um todo.

terça-feira, 19 de abril de 2011

O Mito de Sísifo

Segundo Junito de Souza Brandão, em Mitologia Grega (Ed. Vozes, 1996), Sísifo era originário da cidade grega de Corinto, um rei que desafiou os deuses e até mesmo a morte. Diz que Zeus observou a filha Egina do deus do rio, Asopo e a raptou. Quando seu pai quis saber sobre o ocorrido, ninguém queria falar com medo da reação de Zeus.

Mas Sísifo percebeu ali uma grande oportunidade e não pensou em deixá-la passar. A cidade de Corinto tinha na época um problema bem sério, não havia em seu perímetro uma fonte de água doce. O povo precisava ir buscar água em lugares distantes para satisfazer suas necessidades. Sísifo conversou com o deus do rio e fez um acordo, dava informações em troca de água. O deus concordou e uma fonte nasceu dentro da cidade de Corinto.

Asopo foi atrás de Zeus e este teve de devolver-lhe a filha que havia roubado. Zeus sabia quem ousou dar as informações e chamou seu irmão, Hades, o senhor do inferno e este mandou a morte, Tânatos, para buscar Sísifo.

A morte com missão precisa apareceu no mundo dos vivos. Geralmente recebida com grande espanto e terror pelas pessoas, ficou surpresa quando o esperto Sísifo a convidou para sentar–se em sua mesa para comer e beber. Foi uma boa conversa com piadas e descontração. Então, Sísifo ofereceu a ela um par de algemas que havia feito. Como já havia confiança e boa vontade entre eles, a morte colocou as algemas no pulso. Só depois de certo tempo é que ficou claro que ela, a morte havia ficado prisioneira de Sísifo.

Um fato desses abala o Universo todo. Nada e nem ninguém morria, pessoas, plantas ou animais. Com a morte no cativeiro haveria muitos efeitos colaterais: como superpopulação e aqueles que estavam doentes permaneceriam assim sem esperança de alivio. A vida sem a presença da morte faz pouco ou nenhum sentido. Até o tempo e a evolução param. Nem a guerra faz sentido, pois os soldados mortos em luta se levantam para agir de novo. Isto também enfureceu o deus da guerra Ares. A morte é um dos poucos controles que os deuses têm sobre os humanos.

Zeus, que é o senhor do Olimpo, percebeu a confusão que Sísifo havia arrumado e mandou o próprio Ares para buscá-lo e levá-lo para o inferno. Desta vez a missão foi cumprida com sucesso. Ares libertou a morte e levou a alma de Sísifo. Mas as coisas não acabaram nisso. Sísifo ainda tinha outros truques para executar.

Ele havia instruído sua esposa para não enterrar seu corpo e nem fazer os rituais fúnebres exigidos pelos deuses. Chegando na terra dos mortos, Sísifo foi reclamar que seu cadáver não havia sido devidamente enterrado. Pediu permissão para voltar para a Terra e castigar sua esposa por causa do desrespeito aos deuses. Hades concedeu a ele três dias para ir e retornar aos infernos. Mas quando chegou na superfície ficou evidente que não tinha nenhuma intenção de retornar novamente. Mais uma vez ele se saiu bem no confronto com os deuses.

Para resolver o problema de modo definitivo, Zeus mandou Hermes, o mensageiro dos deuses e aquele que acompanha as almas dos mortos até o outro mundo. Hermes capturou a alma de Sísifo e a levou para Hades, depois enterrou seu cadáver com os rituais necessários, exigidos pelos deuses e encerrou o assunto. No inferno o astuto Sísifo recebeu o seu castigo: devia rolar por toda a eternidade uma pedra montanha acima para ver em seguida a mesma voltar ao ponto de origem e ele ter que repetir todo o ciclo novamente.

O que nos fala esse mito? Leia a análise.

De que nos fala o Mito de Sísifo?

Da morte? Do trabalho? Da disputa entre humanos e deuses? Qual relação podemos fazer entre o que nos fala esse Mito e os processos psíquicos do homem contemporâneo?
Morte, Vida. Homem, Deus. Trabalho externo, interno. O mito de Sísifo pode estar nos falando de todas essas coisas. Dicotomias cotidianas.

Quando Sísifo desafia a morte e os deuses, únicos com esse poder, Sísifo desafia a ordem das coisas. Nessa luta com os deuses Sísifo não se entrega e recebe então o castigo de rolar a pedra montanha acima infinitamente, apenas para vê-la rolar montanha abaixo justo antes de alcançar o cume.

A vida e a morte. A dicotomia da existência que impulsiona, dá esperança, força para a realização. Quando desafiamos a morte na busca pela eterna juventude, estamos deixando Sísifo se manifestar em nós? Escravos da juventude e da saúde, com pânico da morte. Não queremos morrer, queremos vencer os deuses. Mas quando não há perspectiva da morte, será a vida uma eterna repetição infinita?

Sem dúvida é a repetição de experiências, padrões de comportamento e situações, que permite a tomada de consciência e por conseqüência, mudança e evolução. Mas a repetição, paralisia no mesmo lugar, é uma forma de morte, pois sem possibilidade de mudança, conclusão de ciclos, não há vida. Se vida é transformação, Sísifo está morto?

E isso nos leva a analisar um outro aspecto que o Mito nos fala. Fechar ciclos é que transforma, gerando a energia potencial para novos projetos. Como saber até quando lutar, persistir, roubar um pouco mais de vida da morte e quando reconhecer que é sensato entregar-se, ceder, largar a pedra e seguir adiante.

Quantos de nós sentem-se sobrecarregados com um trabalho não prazeroso muitas vezes e não temos coragem de largar a pedra e começar uma nova história? Ficar preso numa mesma luta constante, num mesmo objetivo, com a energia focada em uma única direção – seja o trabalho, por exemplo – leva a uma morte em vida.

Quando o homem contemporâneo foca no trabalho sua energia total, acreditando que do dinheiro daí advindo virá a realização, a felicidade e ignora outras necessidades de realização individual, coletiva e espiritual, pode ficar reduzido ao vazio  da repetição infinita.

Mas Sísifo também nos fala do trabalho interno. No processo terapêutico há uma repetição criativa de situações, pois a evolução é uma espiral que parece sempre voltar ao mesmo ponto. Mas a cada nova experiência, fica diferente a manifestação, o sentimento, o complexo. A cada vez que Sísifo inicia a jornada com a pedra montanha acima, há sempre a esperança de um novo final. Isso é vida!

Jung ressalta quando de seu confronto com o Self (inconsciente) o quanto é importante para o Ego (consciência) aceitar seu destino. Ao Ego é solicitado algo do qual não se quer abrir mão. Esse é o momento crucial no processo terapêutico à caminho da individuação, o momento do sacrifício. Se isso não for feito a evolução não acontece.

Quantas vezes nossa voz interior mostra novos caminhos mas temos tanto medo, preguiça ou falta de esperança, que nos desviamos novamente do chamado da nossa Alma e ficamos presos na eterna repetição de sintomas, desejos, frustrações?

Só a coragem de romper, fechar ciclos, transformar é que de fato liberta.

quinta-feira, 31 de março de 2011

Formação Internacional em Florais de Bach

Sequência de cursos do Instituto Bach do Brasil neste semestre:

- Nível 1: 09 e 10 de abril

- Nível 2: 21 e 22 de maio

- Nível 3: 30/06, 01, 02 e 03/07 (ministrado pela Dra Carmen Monari)

http://www.institutobach.com.br/

quarta-feira, 9 de março de 2011

Entrevista ao jornal Expresso Zona Sul

Assim me escreveu Viviane Pironelli, do jornal Expresso Zona Sul, que circula em Bonfim Paulista e Condomínios da Zona Sul de Ribeirão Preto - http://www.expressozonasul.com.br/.

Ana, a matéria que faremos é sobre filhos que passam mais tempo na escola do que com os pais e mães... por exemplo, uma mãe que entrevistei leva a bebêzinha às 7h da manhã na escola e só a pega de novo às 18h. Fica o dia inteiro longe da filha! Ela tmb deixa a filha mais velha, de 6 anos, porque precisa trabalhar das 7h30 às 18h.

Enfim, pergunto a você: ficar tanto tempo longe dos pais, pode trazer algum transtorno ou dificuldade posteriormente à criança?

Infelizmente essa é a realidade de hoje para muitas famílias. Digo infelizmente porque o tempo que os pais dedicam aos filhos tem grande importância na formação deles. Criança aprende com o exemplo e é importante que os pais transmitam aos filhos seus valores e princípios, ensinando-os como olhar e atuar no mundo em que vivemos. Mas não se pode afirmar que ficar tanto tempo longe dos pais acarrete algum transtorno para a criança. Depende de muitos fatores, como a idade da criança e a qualidade do trabalho da figura do cuidador, entre outros.


É muito importante que os pais fiquem próximos, analisem com cuidado a escola e os profissionais que trabalham, qual o projeto existente para o tempo que as crianças estão por lá, que valores essa escola está transmitindo aos pequenos, enfim, se sintam confortáveis e parceiros da escola nesse processo.


Mas, acima de tudo, que dediquem aos filhos, de fato, o tempo que podem. Porque o que vemos muitas vezes é que quando chegam em casa com os filhos ou mesmo nos finais de semana, os pais estão muito cansados ou ocupados com outros afazeres e quase nunca dedicam tempo para brincar com os pequenos, conversar com eles e conviver. Com isso, muitos pais acabam negligenciando a educação e pais e filhos pode tornar-se distantes e “quase desconhecidos” uns para os outros e isso sim poderá acarretar muitos problemas, presentes e futuros.

Existe diferença no comportamento de quem passa mais tempo com os pais, especialmente com as mães, em relação às que não ficam?

Normalmente sim. As crianças que tem presença mais constante da mãe ou dos pais, tendem a ser crianças mais seguras, tanto pelos valores que são transmitidos como pela força da presença de amor. Mas como tudo na vida, o equilíbrio é o melhor. Muitas vezes, vemos filhos que passam o tempo todo com as mães e que tem comportamentos infantilizados e sem limites, ou mesmo de agressividade. Porque às vezes a mãe fica no cuidado com os filhos mas não está feliz e então, está ali mas não se dedica de fato, entende? Ou então está sempre sem paciência para lidar com o dia-a-dia das demandas dos filhos, que são muitas, sem dúvida.

É comum as crianças se apegarem mais aos professores, vendo neles "algo" de pai e mãe?

É menos comum do que se imagina e depende muito da atitude dos pais quando estão no cuidado com os filhos. Hoje em dia, vemos muitas famílias que delegam à escola o papel de educar, seja por falta de tempo ou mesmo de interesse. O papel de educar é dos pais e é necessário que seja assim. Porém, a criança que não tiver nos pais essa referência, poderá misturar os papéis tão importantes como de professores e pais e se apegar aos professores como o “porto seguro” que talvez não sinta nos pais. Mas para as crianças não há figura mais importante que o pai e a mãe.

Por outro lado, como ficam as mães que precisam trabalhar fora e não têm outra alternativa? que dicas você daria a elas para tornar o pouco tempo que têm com os filhos mais proveitoso?

Se essa é uma realidade que não se pode evitar – e veja, às vezes até é possível evitar mas muitas mães hoje não querem trocar a sua carreira profissional pelo tempo que a maternidade demanda – uma dica importante é: brinque com seu filho, conviva, converse. A criança compreende o mundo por meio da brincadeira, ela elabora os fatos e sentimentos, compreende o significado do amor e da vida, assim. Sente com seu filho no chão. Tenha tempo para a brincadeira, a baguncinha, a risada. Às vezes demanda até menos do que imaginamos, mas quem fica muito pouco tempo com os filhos pode acabar perdendo esse vínculo e exercer apenas o papel funcional – alimenta, dá banho, cobra a lição de casa e põe na cama...


Outra dica importante é: não deixe de exercer a sua autoridade de pai e mãe. Não deixe que o cansaço ou a ausência crie a falsa sensação de que ser bonzinho com seu filho vai compensar. Pelo contrário. Criança precisa de limite para se sentir segura. Assim ela sabe que tem alguém cuidando dela e pode se soltar, criar, imaginar...

Na sua opinião, em relação à época de nossos pais e avós, a forma de criar 0s filhos hoje em dia, por causa dessa correria toda, fica comprometida? Justifique.

Ah com certeza, né? Veja o mundo que estamos vivendo. As escolas reclamam que as crianças não tem limites, os pais reclamam que a escola não educa, a sociedade reclama pois a violência está cada dia mais presente no dia-a-dia das famílias. A vida que escolhemos parece estar exigindo muito mais de todos. Se por um lado temos muito mais conforto material que na época de nossos pais e avós, por outro sofremos a conseqüência de correr atrás do dinheiro que paga esse conforto. Com isso, podemos estar perdendo mais do que ganhando e parece que o tempo já está nos dizendo isso, não? Será que temos chance de encontrar um caminho do meio, equilibrando ter e ser, conquistando uma vida mais simples e prazerosa? Eu sempre acredito que sim!

terça-feira, 8 de março de 2011

Olhar

Quando olhei pela janela da minha futura casa pela primeira vez eu tinha certeza que eu ia morar aqui. Da janela da minha casa eu vejo uma praça de árvores muito altas e antigas, luminárias daquelas antigas, com pé de ferro e bancos formando um círculo que convida. Também tem um Jesus Cristo! que olha pela minha janela.

Quando saio a andar pela Vila e vou ao Correio, ao banco, à padoca e à quintanda, sinto as pessoas. Quando vou na locadora ou na papelaria, sempre encontro o que preciso e atenção das pessoas. Ah a Vila...


Quando, de repente, ao olhar pela janela da minha casa, vejo a alegria, as cores, a magia, do Carnaval!! E as pessoas da minha Vila, a desfilar pela avenida em carros e fantasias surpreendentes belas. Ainda que a chuva também dê as caras quando eu olho pela minha janela, a vida anda linda aqui na minha Vila.

Da janela da sua casa, o que você vê?

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Autoconhecimento e qualidade de vida

Foto de Paula Bulgarelli
Autoconhecer-se é um processo que vem da observação de si, comportamentos, reações, desejos, atitudes, sonhos, virtudes e não virtudes. A observação leva à consciência que nos permite começar a distinguir quem somos realmente e quão perto ou distante estamos de ser como gostaríamos de ser.

Porque vamos e convenhamos, todos temos um ser assim ou assado, que gostaríamos de ser, não é?

A grande mágica do processo terapêutico na busca por autoconhecimento, é que passamos a desmistificar esse eu que idealizamos. Em parte porque vamos nos aproximando desse eu à medida que vamos retirando nossas cascas e o jeito de ser que temos sido, para sermos nós mesmos. Em parte porque muito desse eu idealizado vai perdendo o encanto, o sentido e paramos de persegui-lo.

Esse eu idealizado tem muito do que nosso eu verdadeiro é e por isso admiramos, inconscientemente. Mas nesse eu idealizado tem também muita mente coletiva - aquela voz social que teima em dizer o que é certo e o que é errado na vida de todos. A separação entre uma parte e outra é processo terapêutico.

A casca é aquele eu que vai se formando sobre o eu mais verdadeiro e puro, à medida que interagimos com o mundo, desde que nascemos, numa barganha entre ser amado e ser feliz! O processo de retirada desses véus para enxergar o verdadeiro eu leva a uma atitude mais amorosa consigo e com o mundo.

Reconhecer quem somos nos permite atuar no mundo de uma forma mais leve e mais verdadeira, tomar decisões que tragam mais paz do que angústia, ter coragem para ser quem se é. Agimos mais em direção da nossa felicidade.

Felicidade. Acho que tá aí o grande significado de qualidade de vida!!

Sejamos felizes!

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